O que são distúrbios alimentares? São doenças psiquiátricas estando na sua origem a interacção de factores psicológicos, biológicos, familiares e socioculturais. Caracterizam-se, fundamentalmente por alterações significativas do comportamento alimentar. Os distúrbios alimentares ocorrem predominantemente nos países industrializados, tendo uma incidência menor nos países pouco desenvolvidos e fora do mundo ocidental. Afectam sobretudo as mulheres jovens, aparecendo no homem apenas em cerca de 10 % dos casos. Dados como estes indicam que os distúrbios alimentares estão interligados a factores socioculturais. Existe um largo consenso entre investigadores e clínicos que isoladamente nenhum factor etiológico só por si é suficiente para explicar o desenvolvimento de um distúrbio alimentar ou contribui para explicar a variância entre a população clínica. A importância relativa das influências socioculturais, biológicas, psicológicas e familiares e a forma como interagem entre si pode ser diferente consoante o período desenvolvimental da jovem, influenciando o aparecimento ou não do distúrbio alimentar e a sua cronicidade.
Sabe-se que não se deve a modas, mas que a pressão cultural para a magreza, a insatisfação e a preocupação com o peso podem contribuir, juntamente com outros factores, para um aumento da vulnerabilidade, que por sua vez pode levar á tomada de decisão de iniciar uma dieta. É pertinente referir que a dieta só por si não constitui uma condição suficiente para o desencadear de um distúrbio alimentar, mas é uma condição necessária, dado que não existem distúrbios alimentares sem dieta.
Dos vários distúrbios alimentares existentes destacamos a Anorexia Nervosa Tipo Restritivo ou Purgativo, a Bulimia Nervosa Tipo Purgativo ou não Purgativo e a Ingestão Compulsiva.
CARACTERÍSTICASComportamento Alimentar: não atende a uma necessidade fisiológica de se alimentar, mas ocorre em virtude de uma sensação desagradável associada à Ansiedade ou a Depressão, e geralmente é descrito como um vazio e confundido com a sensação de fome.
Pensamento: dificuldade em reconhecer sinais de fome e saciedade, pensamentos sobre comida e aparência física são constantes e geram desprazer ou insatisfação com a auto-imagem.
Relações Sociais: sentimento de rejeição, sensação de estar sempre sendo observado pelas pessoas, grande dificuldade de comunicar sentimentos e pensamentos o que gera dificuldade em lidar com situações sociais de uma forma satisfatória, dificuldade em administrar críticas, frustrações e desapontamentos, fuga dos confrontos e auto- exposição, evitação do convívio social, vida solitária.
Histórico familiar: superproteção, rigidez de valores, grande ênfase em modelos estéticos que enfatizam a magreza como único modelo aceitável de beleza.
Não há até o momento uma única causa que possa conduzir aos distúrbios alimentares, mas sabe-se que um conjunto de fatores biológicos, familiares, psicológicos e sociais estão presentes e podem colocar um indivíduo seriamente em risco.
TRATAMENTO
O tratamento dos distúrbios alimentares é possível através de um acompanhamento multidisciplinar formado por atendimento psicológico, avaliação médica, em conjunto com aconselhamento nutricional e às vezes medicação. A conscientização do problema é o passo mais importante no tratamento de qualquer doença do comportamento alimentar já que, na maioria das vezes, as pessoas portadoras desses distúrbios não concordam que têm um problema e consideram que o seu comportamento é normal. Sem a sua cooperação no tratamento torna-se mais difícil alterar os hábitos comportamentais, bem como a realização de um tratamento eficaz.
DICAS AOS FAMILIARES
No caso de haver razões para crer que uma pessoa próxima esteja sofrendo de um distúrbio alimentar é importante não só expressar a preocupação sentida como confrontá-la com a situação. A negação dos problemas e a tendência para o isolamento são características comuns aos indivíduos que sofrem de distúrbios alimentares. Assim, depois de confrontada, a pessoa pode demonstrar uma certa apreensão, pode optar por tomar uma posição defensiva ou mesmo furiosa, demonstrando também vergonha ou embaraço. Há ainda a possibilidade de se sentir aliviada por alguém lhe oferecer ajuda.
É necessário, neste contexto, estar preparado para mostrar as evidências observadas que levam a crer que existe um problema de ordem alimentar. É também importante reforçar a idéia de que a questão a ser abordada é devido a uma preocupação genuína com o seu bem-estar. Apesar do processo de recuperação não ser fácil, a maioria dos doentes consegue retomar o seu aspecto físico, ganhar um bom peso e adotar de novamente uma alimentação equilibrada.
A dieta prescrita por um especialista deve ser personalizada e ter em conta não só os resultados das análises, o peso e a altura, assim como o local e a companhia em que as refeições são tomadas e a pessoa responsável pela sua preparação. A ajuda de toda a família é fundamental na recuperação. Por outro lado, é necessário não esquecer a intervenção dos amigos, colegas e professores, que pelo prolongado contacto que mantêm diariamente são os primeiros a notar os sinais da doença.


Andei pesquisando muito sobre isso e achei essa página. Deixo aqui meu relato para todas que se interessarem ou acham que estão sozinhas nisso.
ResponderExcluirSofro com distúrbios alimentares desde a infância. Comecei a perceber isso com meus 8 anos de idade, quando devorei um pacote de bolacha recheada inteiro, num intervalo menor do que 30min. Achei aquilo normal. Me recordo bem desse episódio, minha mãe brigou deveras comigo e passou a esconder tudo que comprava...
Fui uma criança com sobrepeso, entrei na adolescência também com sobrepeso. Aos meus 12 anos, devido a problemas de família e mudanças comecei a comer compulsivamente, comia até me entupir todos os dias, coisas muito calóricas e sem nutrientes. Chegava a trocar coisas minhas para que meus colegas me comprassem mais comida. Medonho. Cheguei a obesidade grau 1, mas não estava ligando muito pra isso. Aos meus 14 anos, por mais motivos pessoais, fui diagnosticada com depressão e simplesmente parei de me alimentar. Entrei numa dieta maluca pois foi só a partir dali que me toquei que estava gorda. Cheguei a emagrecer 15kg, mas logo a compulsão veio me assombrar de novo. Comecei a engordar e isso me deixou desesperada. Aos 16 anos, já bem gorda de novo e com obesidade grau 1, caí em dieta maluca novamente. Alimentava-me apenas de berinjela com canela. Perdi peso muito rápido, fazia exercícios físicos com frequência, até que um dia desmaiei na rua. Parei no hospital, fui internada com anemia e hepatite. Quando saí de lá, já havia ganho 8kg. Me desesperei novamente, fiz de tudo pra perder esses 8kg. E consegui, mas logo parei no hospital novamente pela fraqueza. Resolvi tomar as rédeas da minha vida e procurei tratamento psiquiátrico e psicológico. Me tornei vegana, minha mãe me apoiou muito nessa jornada e hoje me sinto quase que tolamente recuperada. Claro que tenho meus tempos de relaxo, a compulsão me assombra de vez em quando mas a minha luta é mais forte. Eu posso até perder a batalha, mas nunca a guerra. Transtornos alimentares são sim reversiveis, acreditem. Hoje tenho um peso saudável e faço exercícios físicos. Estou atualmente com 19 anos. É isso meninas, boa sorte para todas que lutam contra isso!